Molelos

Artesanato do território da ADICES nomeado para as 7 Maravilhas da Cultura Popular


As candidaturas da ADICES relativas  aos Bonecos de Pano “a Feiticeira” de São João de Areias, Santa Comba Dão,  e à Louça Preta de Molelos, respetivamente, foram validadas pelo Conselho Científico do Concurso das  7 Maravilhas da Cultura Popular recebendo, assim,  os Selos Oficiais de Nomeados.
O tema da edição deste ano do concurso “7 Maravilhas de Portugal” é a Cultura Popular e o objetivo visa promover o património cultural imaterial do nosso país, nomeadamente o artesanato, as feiras e romarias, músicas e danças, e outras tradições populares.
Neste contexto, a ADICES apresentou duas candidaturas à categoria de artesanato, tendo sido as duas certificadas com o Selo Oficial de Nomeados. As candidaturas referem-se ao barro preto de Molelos, do qual a “bilha do segredo” é a peça mais emblemática e os ”bonecos de pano” da Feiticeira, que contam com mais de três décadas de existência, onde se conjugam as técnicas mais antigas da costura à criatividade, aliando a tradição à modernidade.
Segue-se a fase seguinte, onde as candidaturas serão avaliadas por um grupo de especialistas, devidamente qualificados e independentes, sendo posteriormente votadas pelo público em geral. 
A expetativa agora centra-se no desejo de passar à fase seguinte para que o objetivo desta Associação de Desenvolvimento Local, assente na promoção do património local, suportado na tradição, na criatividade e na inovação, possa criar atração turística e o consequente desenvolvimento económico para esta vasta região.
As candidaturas foram promovidas pela ADICES em estreita colaboração com os Municípios de Santa Comba Dão e Tondela, respetivamente, de onde são oriundos os representantes dos dois tipos de artesanato.

Barro Negro de Molelos Candidato às 7 maravilhas

A louça negra de Molelos é candidata às 7 Maravilhas da Cultura Popular, concorrendo na Categoria Artesanato.
Molelos, freguesia do atual concelho de Tondela, outrora sede do antigo concelho de Besteiros, com foral novo dado por D. Manuel I em 1515, situada numa vasta zona planáltica, protegida a oeste pela Serra do Caramulo, é um dos últimos lugares de Portugal onde ainda se fabrica cerâmica pelo processo de cozedura redutora, vulgarmente chamada cozedura de barro negro.
A freguesia, desde épocas remotas, tem sido um importante centro produtor de artefactos de barro negro. As excelentes argilas de exploração de âmbito local e as crescentes necessidades do mercado, levaram ao desenvolvimento de uma importante atividade artesanal, tornando os oleiros e a sua arte, uma notável escola para muitas gerações.
Cântaros, bilhas e moringues, padelas, assadores e fogareiros, bilhas de segredo, jarros, púcaros, talhas, alguidares e tendedeiras, chocolateiras, etc., fazem ainda parte do inventário tipológico, cumprindo, umas funções tradicionais, utilitárias, outras decorativas, estéticas, com padrões ornamentais de cariz popular
As referências históricas documentadas sobre a existência de atividade relacionada com a arte do barro são inúmeras e conferem a Molelos um lugar de destaque, quer na Beira Alta, quer nos territórios circundantes. Inúmeros autores e estudos revelam uma assinalável persistência e permanência desta arte na freguesia.
Desde meados do século XX, um conjunto de vicissitudes afetaram a continuidade da existência de uma forte comunidade de oleiros em Molelos: a emigração na freguesia, o aparecimento e a concorrência de produtos alternativos de conservação dos alimentos, a mobilidade profissional, o envelhecimento dos oleiros.
Porém, na década de oitenta do século passado, uma nova geração de artesãos e artistas com poder criativo e determinados em vencer, implantaram-se no mercado, procurando novas abordagens, com sofisticação de padrões estéticos, estilização de tipologias, com novos usos e conquista de territórios, com uma produção muito diversificada e em série. Com instalações racionalizadas, com métodos mecânicos, com melhor rendimento, deram às olarias de Molelos novo alento, não deixando morrer a arte.
Por sua vez, o poder autárquico envolveu-se com determinação no domínio da promoção deste seu artesanato. Iniciativas de índole diversa, no sentido de reforçar as referências históricas, culturais, científicas, técnicas e turísticas de tão importante e rico património concelhio, têm vindo a ser implementadas. Destacamos pela sua projeção, a existência do museu municipal Terras de Besteiros, inaugurado em 2010, e que conta no seu discurso museográfico, com uma sala exclusivamente dedicada à louça preta;
De todas as peças a mais emblemática é a “Bilha do Segredo”, famosa devido ao segredo que lhe dá o nome. Este segredo permite beber água por esta bilha sem a verter.
Esta candidatura é promovida pela ADICES – Associação de desenvolvimento Local, em estreita articulação com o Município de Tondela.

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